Devagar rasga
corre a navalha
mostra a alma aflita
carimba-se a meu peito
depois do amor
só depois
meus lábios irão estremecer
quando te leio
vago a corda da eternidade
e penso
“..o amor são duas solidões protegendo-se..”
por um momento
por um instante
por uma ruptura
sob a chuva que do céu tomba
fazes-me pensar
quando nossas solidões
farão amor até o amanhecer
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Thiers Rimbaud
( poema de meu livro E Mail POUR VOUS/ 2017)
Não importa se é noite ou dia
talvez a madrugada combinasse melhor
com essa angústia que me veste
as gotas do orvalho tilintam em minha cabeça
cenário irreversível de uma tristeza solene
o não ser do qual falas é real
atravessa punhais enferrujados que compõem a vida
estou pleno
pleno de uma tristeza que me satisfaz
um vazio aberto a tudo
que em goles comunga
o cálice nostálgico daquilo não vivi
quantos caminhos até chegar ao beijo..
atravesso as poças de meu ser
me inundo de um prazer que não é real
é a poesia
essa poesia sem palavras
que só nós Neruda
conseguimos transgredir
no diálogo dessa dor
estamos juntos de outonos, de mar
e de amor
