5 de dez. de 2011

C’EST LA VIE





C’EST LA VIE
Thiers R>



Na soma dos acertos

sobra-me “um”

matemática infalível

resto de noite

jeans rasgado

barba por fazer

e o cheiro que me deixaste

a noite perdeu esquinas

os números são alegoria

gastamos horas

sob o som de estrelas desequilibradas

solfejo partículas

equação subdividida

“menos um

mais um”

é igual a este instante impreciso

hora de ir pra cama

não porque quero amar

hora de ir pra cama

agora te desejo menos

hora de ir pra cama

a manhã me acorda

hora de ir pra cama

o trabalho me espera

hora de ir pra cama

sob intensa interrogação (?)



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23 de nov. de 2011

POEMA +



POEMA +
Thiers R>




dedilham segredos

nos lábios que transgridem

sou fuligem

sombra, sinfonia e pecado

letra dispersa

corpo que acende

vulcão que expele

fração de ondas

música intocável

labirinto de orgasmo




na porta aberta

vivo outubros

encontro marcado, esperas

dos parêntesis sufocados

abri-me como pierot



a pausa me consome

delineio teu corpo

mordo a ponta dos dedos

pinga o sangue

inunda a alma



sou nó

broto no silêncio

roça o meu pensamento

na ação quase litúrgica,

faço-me teu



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23 de jul. de 2011

PARÁBOLA PARA AMY



Estava a pouco no facebook conversando com um companheiro de letras.
Falávamos do tempo travado, de como tenho me sentido preso e de como tenho escrito pouco. No meio do papo veio a notícia bomba: AMY WHINEHOUSE morreu!
Dramático, impactante, destrutivo e avassalador. Me veio à cabeça do pq as deusas se destroem, por que?
Lembrei-me que a menos de dois anos num certo dia chuvoso, ouvia Amy, lia notícias de suas atitudes e ao mesmo tempo comecei a escrever um poema. Lembrei-me do poema e fui buscá-lo em meus arquivos.
O que um dia foi apenas um poema, hoje é uma homenagem aquele ser tão talentoso que perdeu para a batalha chamada vida.
Estou realmente triste e deixo esta homenagem a deusa que se foi.

PARÁBOLA PARA AMY
Thiers R >




Corre na veia

droga e risca

penetra

chove

distorce

sou vinho e pó

veneno

dilato-me

escavo volúpia

aterro ferida

perco-me

sintetizo

química mente

sou fezes

merde

vapores

cheiros

música

amores

sou cool

also horrorres

sou som catado

no peito

sou traste

cravado na vida

triste agonia

ópio que dilata

mentira

cotidianos

vida inerte

mortalha

sou corte

que sangra e

teima em existir

sou Amy W.



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31 de mai. de 2011

CÓDIGOS, no limiar de Fernando Pessoa



CÓDIGOS,
no limiar de Fernando Pessoa
Thiers R>




No encontro dos silêncios

vislumbram paisagens

sorriem os cantos da boca

parados em soluços

que sufocam

teus versos preenchem espaços

enquanto as horas perdem-se nas palavras

paredes brancas, movem-se

lá fora a noite gagueja

tão vasto é o instante

que ocupa

os segredos da alma.



2011 >




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23 de mai. de 2011

pontos e linhas, sem razão




Arde a paisagem engolindo desejos

sem portas, perde-se a razão

brilha ao sol o que não queremos ver

Segue o mundo.

Onde estou? Onde estou?

Palavras, apenas palavras

diluem-se


Thiers R>