20 de ago. de 2009

SOB SOMBRAS CURVADAS NO CHÃO


SOB SOMBRAS CURVADAS NO CHÃO

Fabrício Queiroz e Thiers R >




Eu vejo esqueletos em fôrma de gente;

e Vejo, tão precisamente quanto a fome;

o pé de gangorra que martiriza o doente:

Não há sonetos que cantem à sua colheita.

Não há estrelas que presenciem a cena

desta tosse seca que sacode pulmões;

os olhos tristes são poços fundos

vazios, vazios, a pedir água:

pinga na testa a resposta esquartejada,

seca o sertão esturricado na mão.

Seca a nascente do rio em bolor,

a terra elimina seu último transpiro;

os gravetos varrem o chão

levantando uma poeira que demora a sentar:

espinhaço curvado ao chão,

boca vermelha do barro.

E a dor sempre a dor a cantar amassando o sangue que agora começa a pingar

Grita a voz escassa dentro do pau oco, gritam os dedos curvados a marejar o chão.






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