29 de set. de 2008

TECNO - CIMENTO


Tecno-Cimento
Thiers R>



Vim te olhar
hoje estou cão
vomitando pelos dedos
pele putrefata
cai a renda branca
bela bordada
fino traçado
na mão que baila
o chão é sangue
tecno-cimento
tecno-logia
tecido esculpido
manchado
de tosse sangrenta


2007
>>

2 comentários:

Unknown disse...

"Vim te olhar" e encontrei o que esperava: um poeta maduro e de expressividade lisa tanto quanto segura. No poema, as mesmas características marcantes da sua escritura, como agilidade expressiva, vocabulário requintado e propício à mensagem, jogo formal e semântico etc.

Imagens como a do "cão
vomitando pelos dedos" são interessantes, pelo diálogo que travam entre a Filosofia e a Psicologia, e que são marcas também da sua literatura poética. As imagens sempre saltando, nem sempre caem como "a renda branca
bela bordada", e aqui em particular pareceram mesmo o sangue-cimento que deve fomentar a compreensão do texto.

Outro jogo que acho interessante, e talvez seja o principal, é "tecno-cimento / tecno-logia". O paralelismo entre cimento e logia (como conhecimento) diz da mensagem tanto quanto a mensagem diz do paralelismo, que deve nortear a leitura do poema ... escrever na contemporaneidade talvez seja inundar o chão do poema com um sangue-cimento-tecnológico, e sobre ele erguer as construções e vivências atuais.

Cada poema, cada prazer ...

Mauro Veras

Unknown disse...

Agora, preciso trabalhar ... meus alunos me esperam! rs Voltarei aqui, com tempo, e farei os comentários que o seu trabalho merece. E como você diria "bacios!"