27 de nov. de 2008

INCÓLUME



Incólume
Thiers R>


Paredes e ouvidos
supostamente ocos
gritam a dedos desvalidos
aquela noite
ardia vermelha taça
na boca de teus seios
o cigarro parado queimava
enquanto veias entumesciam
era o maldito desejo a dizer:
quero-te!
quero-te no lençol sangrento
da noite infernal
quero queimar sem cinzas
abocanhar tua voz
na renda desenhada
de teu pensamento
perfurando histórias in contadas
e extrovertidas
as gargalhadas
quero-te na presença
do cheiro forte que exalas
quero-te mordendo
até que possas saborear
cerejas desfazendo-se
em roucas letras
ainda por se formar
somente porque
esvaziaste e consumiste
o gole fatal
sem entender o porque
estou limpo
lavado e barbeado
a espera de que algo aconteça
>>>

3 comentários:

Vítor disse...

Muito bom, gosto das suas poesias, me falta a melâncolia para escrever nesse nível, ou alegria, sei lá.

Caio Tadeu de Moraes disse...

Thiers, você escreve com um ancião de dezenas de milênios de vida. Cada verso, cada palavra, o poema inteiro parece ter sido metricamente projetado para atingir estratosfericamente nossos sentidos..


Mais uma bela alegoria das relações humanas assinada pelo poeta das traças.

Sou seu admirador incondicional pelo resto do período carnal e também no pós-morte^^

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

Querido Thiers

Vc enlouquece minha alma
poética do são mais insano dos mundos
ormais e animais! Uau! Cintia Thomé