20 de ago. de 2009
SOB SOMBRAS CURVADAS NO CHÃO
SOB SOMBRAS CURVADAS NO CHÃO
Fabrício Queiroz e Thiers R >
Eu vejo esqueletos em fôrma de gente;
e Vejo, tão precisamente quanto a fome;
o pé de gangorra que martiriza o doente:
Não há sonetos que cantem à sua colheita.
Não há estrelas que presenciem a cena
desta tosse seca que sacode pulmões;
os olhos tristes são poços fundos
vazios, vazios, a pedir água:
pinga na testa a resposta esquartejada,
seca o sertão esturricado na mão.
Seca a nascente do rio em bolor,
a terra elimina seu último transpiro;
os gravetos varrem o chão
levantando uma poeira que demora a sentar:
espinhaço curvado ao chão,
boca vermelha do barro.
E a dor sempre a dor a cantar amassando o sangue que agora começa a pingar
Grita a voz escassa dentro do pau oco, gritam os dedos curvados a marejar o chão.
> > > > > > > >
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
"E olha que o sertão é o mundo"
Havia postado o poema pelo meu blog também "véio".
Espero que o povo goste... se não gostar, ao menos eu gostei de escrever.
abs;
Fabrício
A escassez apocalíptica de recursos hídricos que assola as terras nordestinas, o Holocausto ao vivo que revive dia após dia uma das mais destrutivas pragas já vistas pela humanidade: a seca. A mesmo catástrofe inspirou (melhor dizendo, revoltou) o poeta João Cabral de Melo na confecção de Morte e Vida Severina, obra obrigatório para vestibulandos, deixando marcas eternas na literatura brasileira. Outro ótimo romance (que nunca tive paciência de ler, mas já vi o teatrinho) é Vidas Secas, de Graciliano Ramos (vai cair no ENEM, fuckup! \o/), que mostra de modo cru a dor desses pobres desgarrados. Tais fatores indicam que a literatura vai além de baboseiras sobre como ficar anoréxico (“a”, na verdade) e fofoca da vida bizarra dos artistas, é um instrumento, melhor dizendo, uma arma para combater as injúrias que se estalaram nesse planeta. É a poesia em prol de um mundo melhor...
Grand Thiers, metendo a língua laminada no mundo e jogando trapos sujos fora de moda para ele vestir...
Postar um comentário