29 de nov. de 2009

RETICÊNCIAS

Thiers R>




Uma folha partida

uma canção permitida

uma dor

pensamentos

dúvidas

desejos

a voz

retém-se calada

aguarda

escurece

os’mistérios aumentam

sussurros

olhares

toques

absurda interrupção

penetr’a língua

passei’a nuca

respiração

pára o tempo coagulado n’ouvido

treme a garganta

mãos

já não sei o que fazer com elas

próximo ao teclado

reclamas

sem medo aperto

reticências......




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20 de ago. de 2009

SOB SOMBRAS CURVADAS NO CHÃO


SOB SOMBRAS CURVADAS NO CHÃO

Fabrício Queiroz e Thiers R >




Eu vejo esqueletos em fôrma de gente;

e Vejo, tão precisamente quanto a fome;

o pé de gangorra que martiriza o doente:

Não há sonetos que cantem à sua colheita.

Não há estrelas que presenciem a cena

desta tosse seca que sacode pulmões;

os olhos tristes são poços fundos

vazios, vazios, a pedir água:

pinga na testa a resposta esquartejada,

seca o sertão esturricado na mão.

Seca a nascente do rio em bolor,

a terra elimina seu último transpiro;

os gravetos varrem o chão

levantando uma poeira que demora a sentar:

espinhaço curvado ao chão,

boca vermelha do barro.

E a dor sempre a dor a cantar amassando o sangue que agora começa a pingar

Grita a voz escassa dentro do pau oco, gritam os dedos curvados a marejar o chão.






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11 de jul. de 2009

LINHAS DE RACIOCÍNIO



LINHAS DE RACIOCÍNIO

Thiers R >




Antropofágica a utopia olha-me, agita as vestes,
exala channel e no salto vermelho de bico fino,


pisa-me. Nossa luta é corporal, nos mordemos.
Ela com suas verdades e eu com meus desejos.


Virulento o mundo pára.


Os relógios se esfaquearam sob esta hora imprecisa.
Com a palma da mão cortada, seguro o


tempo e digo: "- Utopia de ontem, eras somente um CD que se dizia novidade".


Afinal o tempo anda mais rápido do que nossos pensamentos.


Afagando a pele rosada, a superfície lisa, admirando o brilho do olhar,
penso: "- dentro de cada


invólucro, habitam essências, vozes dos pensamentos, dizeres que não se perdem.


Penso no mofo, na árvore partida, nas rachaduras do tempo. Penso no rádio, no


gramophone...penso.


"- Preciso cuidar-me, beber na fonte da sabedoria, acariciar meu ser."


Nas garras da utopia, unhas pintadas descascam e o tempo ri.....ri de gargalhar.


o tempo pinta quadros e eu leitor; rabisco estas linhas.





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3 de jul. de 2009

ISA GRIS



ISA GRIS
Thiers R >



in orange

abre u'dedo noturno

como canção

violeiro amigo

olha a paisagem gris

espia a barra da lua

cuspida do céu

onde o

amam

nhecer

sem conceder

atravessa garganta

coberta por versos.

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29 de jun. de 2009

ENTRE VERSOS, VERBOS E VERMES


ENTRE VERSOS, VERBOS E VERMES
Thiers R > & Max da Fonseca
.
.
Na faca abro caminho
corto a mata
eles gritam
mata!
de cima abaixo vem o corte
qua
se - ver tical
di-vi-di-do
lembro-me de Dylan
sim, o Thomas:
.
"...para os amantes seus braços
que enlaçam as dores do século..."
.
Com voz rouca grito
- fui consumido por vermes -
poderosos vermes do asfalto
desfaleço e procuro lembrar
do último carnaval
éramos amantes
conjugamos mil verbos
usamos todos os infinitos
por isso choro
oceanos de dor
.
' na débil lembrança das marchas '
que vontade de partir
já não me encontro aqui
não me reconheço em corte algum
quantos versos hão de vir?
maldita inércia subversiva!
caio em cacos, me viro,
me mato e ressuscito
com a velha fotografia
de um desconhecido
lembro do tempo onde o sorriso
era permitido
lembro de tempos...
todos idos
já se foram
estou só.
.
.
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25 de abr. de 2009

DANÚBIOS


Danúbios
Thiers R> e Fabricio Queiroz

Pronuncias no ato
indigno percurso
que aterro


clamas por vermes
diariamente comido
sobressai'o Danúbio
doce paladar
vomit'ao' mar
como onda
oscilo


por isto enjôo
Baviera, Linz, Viena, Eslováquia
onde cantas agora
no azul entre'cortado
de minhas veias?
quantos sonhos submersos
bonecas afogadas
imponente segues pela história


de oeste a leste
sobressai'o Danúbio
no levante da cumeeira


na dança em suas esteiras
palhetas a te navegar
Budapeste, Sérvia, Romênia
sereno
do Delta te observo
danço sobre as lendas de Dracul
rio para as guerras de ontem
desnudo-me de braços abertos
para onde vão
minhas vestes de prata?



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5 de abr. de 2009

SONATA DAS ROSAS AMARELAS




SONATA DAS ROSAS AMARELAS
Thiers R>



Rói o vento



sob as pálpebras


sentado à mesa o copo ordena:


escreva


escreva até desmaiar


na mão grita o absinto:


aguarda


bebamos inverdades


brindemos a descamação


trêmulo, respondo:


- não! hoje as rosas são amarelas


levantaram a cabeça


embriagadas pelo perfume


exalado d’os dedos teus


esbarro n’o suor que pinga


cercado por silêncios


o pianista toca sonata inaudível


pergunto seu nome


-“.. Dang Thai Son


resisti à guerra, sou vietnamita..”


concluo:


desejos comandam a vida


mesmo que a fuligem engasgue


também posso tossir




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16 de fev. de 2009

__ Pálida voz dos sonhos__




Pálida voz dos sonhos
Thiers R > & Ivy Gomide


Pálida voz

traduz

redigida em

mio cuore

trazida pelo vento

letárgico

som q’inebria



sou um sonhador

mas não sou o único



Imagine

a perfeição dos instantes

jardins germinando

sem guerras

ou sangue



You may say I'm a dreamer,

but Im not the only one



deus é conceito

io amor

o sonho não acabou

poeta, sarjeta,

lua ou estrela

plantada na bala

dum chão red

que sobrou

vivo dreams

manchados

desejos encapsulados

poeira d’estação

que não estacionou

creiam-me

the dream

não se forjou



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13 de fev. de 2009

MIKONOS



MIKONOS
Thiers R >


Cálido, quase luva
meia pluma
sem sis mos
naufragam dedos para disíacos
afundam pés
marcam pas SOS
ilha branca
és tu quem me tomas
consome a gota do sal
veste-me os braços
nos largos passos que bailam
íris esquizo-pecaminosa
abençoada por deuses
onde esguio penetra o mar
batalha sensual
Mikonos
no mergulho de teus olhos
passei’a boca de beijos
ociosa lágrima mergulha in poemas
sin tonia azul escreve
ir reverência
lambe nau frágios
a’casa’ lam línguas



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17 de jan. de 2009

GANAS



GANAS
Thiers R >


Gana felina

hipi nó ti Ca

vence toda batalha

cospe em sol maior

letras em cobertas

serão as letras de nossos suspiros?

Piro, hipi nó ti Ca mente....

sabias, não?

sou um mentiroso nato




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