26 de set. de 2010
Tempestade Al’ dente
Tempestade Al’ dente
Thiers R >
mistura de alho
al dente
morde
sabor úmido
resumo de rosas
abrem-se os espinhos
nos braços rasgados
traça a dor esculpida
a voz entre’cortada
escreve adágios
a’linha do raciocínio
chove torrencialmente
há pressa na esquina
trajeto do sangue
polui os passos
atípica veia
veste morno olhar.
> > > > >
NOSSA PELE
16 de set. de 2010
OBSCENA’MENTE
OBSCENA’MENTE
Thiers R >
Obsceno o pensamento atordoa
perde-se no espaço
lascívias, carícias..
obscenos, contraem-se os músculos
palavras não mais se completam
ardem esquinas, vaporizam-se
a linha de meu semblante estremece
quero-te na cama
no espelho que reflete
a alma infiel acometida de ti
por que abocanhas o prazer em circuitos?
> > > > >
22 de ago. de 2010
15 de ago. de 2010
ALGEMAS
ALGEMAS
Thiers R >
Agregam-se os sonhos trazidos na corrente
sou animal, bicho, saliva
na magnitude desta loucura que me atormenta
sou caça, carcaça
prazeres, sexo, loucura, devassidão
instrumento de tortura
Ferrara volta à minha cabeça..
bordados na renda do mar, castelos desmontam-se
para que servem se neste capítulo
sou apenas o vassalo, o ladrão?
pele estúpida que alimenta teu prazer
quando tuas vestes são de princesa
cabelos tingidos de vermelho, olhos, boca
e um perfume que entorpece
salivo sim, como não?
perco a razão, amaldiçoo todos os trajetos que me levaram a ti
Ferrara.. naquela praia o mar desenvolve a partitura
nem uma vírgula, nem um compasso
um resquício ou uma nota da sinfonia
que o mestre construiu
saístes do mar, a roupa colada ao corpo, a boca faminta
cheiravas à rosas vermelhas como teus cabelos
devoradora fome sensual
curvam ondas etéreas
pois fostes construída por minhas necessidades
amo-te sem precedentes
abri as portas
deixei que o vento entrasse e arrancasse
toda a vulnerabilidade deste encontro
août 2010>
> > >
3 de jul. de 2010
PRAZER SEXO E CARNIÇA
PRAZER SEXO E CARNIÇA
Sob efeito de Baudelaire...
Thiers R >
Rugia o sol em meu rosto afagando com dedos arfantes
a manhã ainda tonta
deitados sob o luar bocejante (surreal sem dúvida!)
comentávamos o que acontecera
após a leitura de Baudelaire
por que a carniça teria mexido tão intimamente
ao ponto de vomitares leitoso lençol?
O cheiro abominável ardia em teu peito
eu o amaldiçoei por tê-lo trazido
para nossa cama
foi uma ação repugnante.
“... Zumbiam moscas sobre o ventre e em alvoroço, dali saiam negros bandos de larvas, a escorrer como um líquido grosso por entre esses trapos nefandos....”
Ah! Meu poeta
como conseguistes nos idos de 1800
transcrever passagens tão fantásticas?
genial!
o estômago frágil de Flávia
sucumbia às palavras; mas eu delirava
quanto mais lia, mais loucas ficaram
as travessuras na cama
eu assimilava a mistura dos prazeres
eu, o poeta e um corpo feminino em pleno transe
enquanto te lambia por inteiro
gemias, e no som de minha voz
Baudelaire dizia:
“... Dize à carne que se arruína, ao verme que te beija o rosto que preservei a forma e a substância divina...”
Gozei! gozei literária e fisicamente
eu era o verme que te beijava
acariciando tuas formas arredondadas
senti-me divino naquele instante
enquanto eu te gozava menina
teu estômago embrulhava
fazendo de nosso amor
uma porção erótica
de porra e vômito.
>>>>
3 de jun. de 2010
CRUCI’FIXO
CRUCI’FIXO
(Absurdo diálogo de uma noite fria)
Thiers R >
Atrás das árvores
o corvo infame
remexia umbrais
a madrugada vadia
urdia em gritos fatais
assim ouvi os teus ais
suspiros d’angustia fina
febril lâmina de corte em riste
a escrivaninha, o pente, fios de cabelos soltos
a pena curvada n’alvura
branca e chorosa da paz
desencanta frente ao corvo
sentado no busto de Atena
olhava-te, nada mais
lá fora a ventania
buscava a chuva do dia trazida por temporais
o corvo d’olhar firme criava a atmosfera
na fenda da janela
fúnebre, como jamais
teu corpo vivo jazia na parede daquele dia
clamando por vermes banais
agourenta, a cena bebia
no meu temor sucumbia
por isto estremecia
ó mestre, a palavra tu me deste
mas esta ave
aberta em cruci’fixo
assombrava
a treva aparecia
vestida em roupa fina
uma ave de rapina
Allan Poe, desculpe-me
o clima, atormenta o poeta
de outros tempos
olhando a boca
pasmo
ainda ouço teus ais
vejo a treva
gemer gritos
perjúrios, olhares malditos
arrancar do frio inverno
todos os manuscritos
escravizado ao mito
sinto-me
quando te fito
lembro-me das tuas palavras
vestindo o roupão negro
encolho-me de medo
pálido, branco a repetir
no CD estes versos
assustadores que tais
n’ língua do demônio
sinto
isto não é sonho, é tormento
olhar o corvo preto
à sombra dos teus umbrais
em vestes transparentes
surgir com pés descalços
sob o chão do nada mais
murmurar por entre dentes
outra vez o
nunca mais
>
5 de mai. de 2010
SOMaS
5 de abr. de 2010
VESTÍGIOS & PAIXÕES
VESTÍGIOS&PAIXÕES
Thiers R >
o chão do tempo
vestia esperas diluindo azuis
resquícios qu’inda tenho à mão
perfume de boca colada
cigarro azedo
noite a zunir
evaporando novembros
pintados no teu olhar
o vento balanç’a saia
nela me visto
meias cobertas de negro
aquecem u’ vapor frio
vermelhas unhas riscam meu corpo
enquanto me entrego
enfraquecido de sorrisos
no fetiche esquálido e soturno
daquele inferninho
mordi teu pescoço
queria beber-te
fui teu em cada gole
em cada baforada
em cada corte
em cada mordida
suor duma noite que se perdia
dentro do amanhã
sopro a desmanchar máscaras
desfeitas no mijo da privada.
> > > > >
13 de mar. de 2010
Витоша
Витоша
Thiers R>
Rio de pedra
olhar de fogo
luz de treva
desejo de gente
em tuas paredes brancas
abraço paixão
nu, este peito se entrega
verbaliza
das tuas coxas
a boca entreaberta flui
sou teu
em língua
em dissecação
as rosas
o perfume das rosas
embriagadas de cor
estas mesmas rosas
pétalas febris
a tocar
a ausência das flautas
dum romance inacabado
de todas as minhas dúvidas
sinto o frêmito que rodeia
negro mar que te busca
>2010
.
1 de mar. de 2010
AUSCHWITZ’Z’Z’Z’Z
RESTOS DE ROUPAS, CABELOS E SAPATOS DO CAMPO DE AUSCHWITZ
AUSCHWITZ’Z’Z’Z’Z
Thiers R >
Defeca o nazismo
n’olho triste da agonia
mais uma flor abatida
mais um suspiro caído
“...o trabalho liberta....”
sangra o sonho entre ratos
“...o trabalho liberta..”
a tosse seca
o monóxido
o gaz
a fadiga
jaz o semblante
pousa a mosca e rouba
...mais um sorriso se perde..
“...o trabalho liberta...”
entre ossos
dorme o livro
poeira de sentimentos
vergonha de existência
farpa que arranha
penetra e inflama
instantes de felicidade..
> > > > > > > > > >
27 de fev. de 2010
V E N E Z I E I
Eu mereço! Este foi meu primeiro pensamento ao sair do Brasil com alguns euros e um cartão VTM.
Fui buscar o mundo(ainda estou buscando pois que retorno dia 03/03/2010).
VENEZIEI
Thiers R >
Lentamente chorou o dia
luva branca de raízes profundas
lentamente
sorri farsante
n’alma aguda de meus desejos
nasce o mergulho das dores
saúvas e pensamentos
vai meu barco
pega teu sonho
perde o caminho
leva-me
o dia abriu-se
entrecortado
o mar retraiu
a linha d’aurora
brotou pálido cílio
penso:
a peste se foi
o silêncio guardou-se
fluí teu regaço
colei minha boca
engoli saliva
entreguei-me ao sonho
Veneziei
>> > > > > > > > >
Fui buscar o mundo(ainda estou buscando pois que retorno dia 03/03/2010).
VENEZIEI
Thiers R >
Lentamente chorou o dia
luva branca de raízes profundas
lentamente
sorri farsante
n’alma aguda de meus desejos
nasce o mergulho das dores
saúvas e pensamentos
vai meu barco
pega teu sonho
perde o caminho
leva-me
o dia abriu-se
entrecortado
o mar retraiu
a linha d’aurora
brotou pálido cílio
penso:
a peste se foi
o silêncio guardou-se
fluí teu regaço
colei minha boca
engoli saliva
entreguei-me ao sonho
Veneziei
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